Na estante: Apartamento partilha-se

segunda-feira, 4 de novembro de 2019




Tiffy Moore precisa urgentemente de um apartamento barato, depois de o ex-namorado a despejar da casa onde viviam. Leon Towney é enfermeiro, faz os turnos da noite no hospital, tem um apartamento para arrendar e precisa de dinheiro para ajudar o seu irmão.

Para os dois, surge a solução perfeita: durante o dia, enquanto Tiffy está a trabalhar, Leon descansa do lado direito da cama; durante a noite, e até à manhã seguinte, Tiffy é dona e senhora do apartamento. Embora nenhum deles se encontre no mesmo espaço ao mesmo tempo, limitando as hipóteses de algo poder correr mal, os seus amigos acham que esta é a receita para o desastre e que devem existir regras.

Para que tudo possa correr bem, decidem comunicar apenas por bilhetinhos destinados a resolver questões domésticas (e da vida) e facilitar a partilha do apartamento. Mas, com ex-namorados dramáticos, colegas de trabalho doidos e, claro está, o facto de ainda não se terem cruzado, estão prestes a descobrir que, para terem uma casa perfeita, vão precisar de atirar as regras pela janela.


Que livro vibrante! Devorei-o em 3 dias, e no último dia comprometi-me a lê-lo de uma enfiada porque não conseguiria dormir sem saber da história toda. É demasiada paixão num livro só! Resultado: estive a ler durante 7 horas enquanto devia estar a dormir, logo fiz direta nessa noite - mas soube-me pela vida! (conselho: não leiam este livro antes de dormir).

Sabem aquelas pessoas que usam comparações tão simples e suberbas que nos perguntamos de onde é que foram buscar aquilo a determinada altura? A personagem principal é isso mesmo, sem papas na língua - e a autora escreve muitas comparações que fazemos na nossa cabeça mas não as dizemos por parecerem demasiado embaraçosas - expontânea, transparente, louca, alegre, vibrante. Adoro a Tiffy da cabeça aos pés (e ela "é grande como a vida"!).

Existem tantas emoções que são exploradas neste livro, aquele anseio de contacto entre as duas personagens principais que é interrompida por vários capítulos, deixando-nos a desejar ler mais algumas páginas para ver onde realmente acontece a cena escaldante; a raiva com que ficamos do mau da fita, toda uma coisa ardente dentro de nós que nos faz cerrar o punho e revirar os olhos a muitos episódios. Este livro fala também (e isto é uma das minhas partes preferidas - além da paixão imensa que há dentro deste livro) no abuso emocional que existe entre um casal, e sobre emponderamento feminino. Sobre o controlo que muitos parceiros exercem sobre as namoradas e sobre o quão difícil é superar todo um trauma após algo tão aterrador como a manipulação psicológica.

É simplesmente deliciosa esta criação da Beth O'Leary. Uma mensagem tão forte e bonita que nos leva à realidade que ainda existe nos dias de hoje e uma história que nos prende muito, que nos revolta, que nos anseia, que nos apaixona, que nos entristece, confunde, volta a fazer-nos ansear, sentimo-nos apaixonados novamente e toda uma montanha russa com uma história tão simples.
Sabem uma coisa? Este livro foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos, tornou-se especial, apesar de só ter ficado com ele durante 3 noites. Tem lugar, sem dúvida, na minha estante do peito.


O meu excerto preferido:

"o meu pai adora dizer: a vida nunca é simples. É um dos seus aforismos preferidos.
Mas, na verdade, acho que isso não é correto. A vida é simples com frequência, mas não reparamos em como era simples até se tornar incrivelmente complicada, tal como nunca nos sentimos gratos pela saúde até adoecermo, ou nunca damos valor à gaveta dos coolants até rasgarmos um par e não termos outros para o substituir."


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