Faculdade nos dias de hoje

Hoje em dia entrar na faculdade é fácil. Já nem digo em relação às médias nem do facto de custar dinheiro aos nossos pais, que muitas das vezes prescindem de muito para conseguirem meter os filhos no ensino superior, com a esperança de que cheguem mais longe, nesta batalha que se tornou o mercado de trabalho em Portugal.

Falo em relação à força de vontade. Hoje em dia existe muita mais força de vontade por parte dos jovens. Existe a força de vontade de quem quer mostrar ao mundo que conseguiu entrar no ensino superior, de quem por volta das 7 da manhã já anda acordado pronto para ir à luta, de quem estuda afincadamente noite e dia de cadernos e livros abertos, de inúmeras frases sublinhadas a marcadores da stabilo - que fazem questão de incluir nas fotos de Instagram. Mas nem tudo o que parece é, no entanto é isso mesmo que são as fotos das redes sociais, não é? Mostrar ao mundo algo que nos faça ser vistos como alguém que está a vingar na vida da melhor maneira, mesmo que não seja bem isso que aconteça.

Esta saga de fotos de Instagram na fase de ensino superior mostra também as festas nas discotecas até tarde antes de um dia de exame (só para se ver o quanto se pode ser vida loca e viver no limite) , todos os rally tascas possíveis e fotos com padrinhos e madrinhas com dedicatórias pirosas e capas das mais sujas que há.

No segundo ano de faculdade - com, na verdade, talvez 2 ou 3 cadeiras feitas - o ritmo é diferente. Não é necessária toda a demonstração de dedicação ao que é esta graduação de algo maior na vida. Já não faz mal mostrar que nos estamos a lixar para tudo.

O que acontece é que esta gente que vê a faculdade como um meio para se mostrar "mais alguém" para o mundo através destas demonstrações, se está a marimbar para o dinheirão que aquilo é e para a seriedade e oportunidade que tem na vida de toda a gente. Só lá estão para as festas e pouco mais. Para dizerem que vão faltar às aulas porque é fixe e que apanharam uma bebedeira daquelas.

Hoje em dia, ir para a faculdade está na moda. Quem não entra, fica para trás. No mundo social.

Existe quem trabalha para conseguir poupanças para o dinheirão que é estudar no ensino superior, há quem valorize o prejuízo dos pais, há quem estude noite e dia afincadamente, há quem prescinda das festas pelo exame do dia seguinte. Há quem valorize e queira mesmo ter licenciatura, mestrados ou doutoramentos, mas por evolução pessoal e profissional, e não por vaidade. E esses, são aqueles que não postam nas redes sociais.