Às vezes não aguentamos e isso é ok!

Tenho estado a aguentar-me. Mas confesso que me fui abaixo. E culpabilizei-me por o estar a fazer, por ter tudo e sentir que estava a ser ingrata, por conseguir o que muitos anseiam e por estar a pensar em virar costas. No entanto, tenho andado infeliz. Desmotivada, cansada, perdida e sem vontade de me levantar de manhã. Foi preciso ir recarregar baterias e amor por mim às pessoas que tenho a meu lado e que me querem bem, que nunca negam uma ou outra palavra amiga nem uma conversa a meio da noite.

É normal não aguentarmos e deixarmo-nos ir abaixo. Não tem mal nenhum nisso. É frustrante, custa, dói. Mas no final das contas é um alívio. Seja chorar, desistir do que não vale a pena, virar costas ao que não importa ou pedir ajuda para nos mantermos de pé. Somos seres humanos, não máquinas de felicidade a tempo inteiro, imunes ao que a vida é.

Não quero andar aqui com lições de vida e coisas dramáticas, mas a vida é dura sim. É simples sonhá-la e dizer que vamos à luta, é difícil darmos tudo por tudo todos os dias e não ser arrebatado com o cansaço no final.

Desde sempre que somos ensinados que, a cada dia, estamos a construir o nosso futuro, mesmo que isto não nos diga muito quando somos mais novos e até chegue a cansar ouvi-lo inúmeras vezes, mas quando chegamos a uma altura crítica da nossa vida, em que nos questionamos o que andamos cá a fazer e acerca do que queremos fazer dali para a frente, olhamos para trás, para todo o percurso ingénuo que nos fez chegar até hoje, todos os passos pequeninos e todos os tropeções e desvios.

Agora uma frase daquelas bem cliché - nós estamos aqui para sermos felizes. Só isso, felizes. Para fazermos o que nos faz feliz. Para inspirarmos e transbordarmos felicidade. É o que todos temos em comum neste mundo.

Se estás num trabalho que não te dá prazer algum, se estás a viver num sítio que só te deixa em baixo, se só estás com pessoas que não puxam por ti da melhor maneira, se tens alguma coisa na tua vida que não te está a fazer feliz e que não é razão para te levantares da cama pela manhã cheio de vontade de começar um dia maravilhoso, então é melhor mudares. Mudar de emprego, mudar de casa, mudar de companhias, mudar de vida. Eu sei, eu sei. A vida está difícil para todos, o dinheiro não cai do céu. Mas a vida que sonhamos também não. E não é com um problema a pairar sobre as nossas cabeças que nos vai levar na direção certa. Temos que ter e fazer as coisas porque gostamos realmente, e porque nos faz feliz. Sempre me disseram, "faz o que gostas e nunca trabalharás na vida", "uma casa é para onde queres ir depois de um dia em cheio", "as pessoas que deves ter a teu lado são as que te querem bem". E nada menos que isso.

Há sempre oportunidades, com muito esforço. Não é por acaso que vemos gente com testemunhos em como mudaram a vida depois de terem começado a fazer o que gostam, foi por terem agarrado oportunidades e por se terem esforçado. Posso dar-vos exemplos, bonitos exemplos: a nossa querida Carolina, que conta aqui o quanto a vida é bonita depois de muitos sacrifícios; a bonita Helena, que se despediu do emprego onde não era feliz, e que a partir daí teve de se esforçar para começar de novo o que realmente gosta de fazer: escrever.

Às vezes, é preciso irmo-nos abaixo e sabermos realmente como é. É preciso não andarmos a aguentar para não explodir. Precisamos de abraços apertados e de pessoas queridas a dizerem que está tudo bem e que acreditam em nós. Precisamos de recarregar as baterias de vez em quando, porque ninguém aguenta o tempo todo a aguentar. Se tivermos que parar um pouco, paramos, preparamo-nos e vamos outra vez. Se tiveres que mudar alguma coisa muda, só para seres feliz, vale a pena.