Chama-me pelo nome: a importância de não me chamarem Rita

Entrei na onda do post da Catarina, e identifiquei-me com ela neste tema, uma vez que, durante uma vida inteira, sempre me chamaram Rita, e não Joana.

Ao contrário da Catarina, cujo blog tem o nome de Joan of July, o meu tem o meu nome escarrapachado em todo o lado "Joana Rito", mas o problema é esse.

Por ter um nome fora do comum (Rito) eu não sei o que se passa no processamento dentro da mente das pessoas, que eliminam totalmente o meu primeiro nome (Joana) e decidem trocar esse nome desconhecido (Rito) por outro que se ouve mais frequentemente, e voilá, assim de repente sou a Rita. 

Quer dizer, há tanta gente com primeiro e segundo nome (eu não tenho segundo nome, Rito é o meu terceiro e último) do género "Maria Alexandra", "Margarida Filipa", "Carolina Sofia". De certeza que não iriam chamar Alexandra à Maria, Filipa à Margarida ou Sofia à Carolina, porque o primeiro nome é o que a pessoa decora e, posteriormente, reconhece e chama.

Acho estranho e triste o meu nome "Joana" não ser reconhecido, e o meu sobrenome "Rito" fazer com que o primeiro seja esquecido e, por ser diferente, seja alterado para o nome de Rita.

Tal como refere a Catarina no post, levo a peito quando me chamam Rita quando já me conhecem pessoalmente. Isto deve querer dizer que não causei impacto suficiente na vida das pessoas que me conhecem e lidam comigo todos os dias, de modo a que nem sequer se esforçam a chamar-me pelo nome. E isto já me aconteceu enquanto equipa e colegas do secundário e faculdade. Já se imaginaram a passar a vida inteira a serem chamados por outro nome qualquer por centenas de pessoas, pessoas essas nas quais vemos e interagimos todos os dias? É triste e desrespeitador. É como se me arrancassem um (grande) pedaço da minha identidade.

Também levo a peito, o facto de corrigir a pessoa em questão para o facto de me chamar Joana e não Rita, e passarem a chamar-me assim "Joana Rito". Porquê?! Porque não só Joana como as pessoas normais?!! O pior disto tudo, é que 1 em cada 10 pessoas corrigidas me chamam "Joana Rito", enquanto as restantes voltam a cair no défice de processamento do nome diferente e tornam a chamar-me "Rita".

No entanto, não levo a peito se forem pessoas desconhecidas, pelo que fico sempre atenta e respondo se me chamarem Rita, corrigindo-as depois.

A questão aqui é a falta de respeito e esforço mútuo para que se preze a identidade de alguém. Tenho andado a lutar contra isto há tantos anos que a certa altura desisti e vi-me obrigada a sorrir de cada vez que me chamavam por outro nome que não o meu. Já estou tão habituada que olho cada vez que alguém chama a "Rita". E isto não devia acontecer. Não chamar alguém pelo nome é o maior roubo de identidade, já que os nossos pais nos nomeiam mesmo antes de nascermos para que nos comecem a chamar-nos assim a vida toda e, a partir daí, construirmos a nossa identidade, certo? - Agora aqui vai um facto irónico da vida, eu era para ser chamada de Rita mas, no entanto, fiquei Joana. - Alguém ou algo sem nome é como se fosse algo incompleto, ou que não existe.

Pois bem, eu sou alguém e eu existo, e não me chamo Rita. O meu nome é Joana.